quarta-feira, 20 de abril de 2011

Matéria divulgada no Jornal O Fluminense - 17/04/2011


Viagens e equipamentos fazem o esporte ser considerado elitista e ‘amadores’ lutam para

conseguir correr com a falta de incentivo

Considerado um esporte de elite por conta dos altos custos, o automobilismo sobrevive em um país emergente como o Brasil, mais pelo amor dos praticantes do que apoio de patrocinadores.

Com 29 categorias já regulamentadas para este ano, a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) tenta diminuir os custos das provas para que o número de praticantes do esporte a motor possa aumentar. Segundo o presidente da entidade, Cleyton Pinteiro, a forma menos complicada de se abaixar os custos é diminuir o uso dos equipamentos e treinos.

“Controlar e diminuir custos é tarefa das mais complexas, em especial em mercados competitivos, como o automobilismo, por si só um esporte dos mais competitivos e mais dependentes de tecnologia. Controlar o tempo de treinos, estipular o uso de equipamento padrão - como pneus, motores e até mesmo o con- junto de chassi-motor-câmbio -, são algumas formas de se tentar controlar esses custos”, comentou o dirigente.

A própria Fórmula 1 vem diminuindo e controlando os gastos e colocou um teto orçamentário. Para isso, a categoria proibiu os testes individuais de pré-temporada, marcando datas para testes coletivos e infindou uma gama de novas regras.

Amantes do automobilismo, três niteroienses resolveram deixar as roupas de trabalho no armário, vestir o macacão e o capacete e acelerar em alta velocidade nos fins de semana. O problema? O alto custo do “hobby” de fim de semana, que começou a ficar sério.

Brincadeira virou coisa séria

Criador da equipe Niterói Rally Team, o engenheiro Ricardo Barra resolveu comprar um Troller e, por acaso, começou a competir. Quatros anos de equipe, a NRT conta com dois carros, um para rali de regularidade e outro de velocidade. Segundo Barra, que gasta cerca de R$ 3 mil a cada etapa com a equipe, a relação com os patrocinadores foi fundamental para “bancar” o projeto.

“A relação de parceria é muito importante e com a NRT não foi diferente, encontramos no nosso patrocinador um parceiro de qualidade e ele também entendeu desta forma e o resultado é uma relação de confiança que já dura quatro anos e que esperamos continuar. O patrocínio é uma matriz financeira que permite melhorar a qualidade do trabalho da equipe através de uma qualificação material”, afirmou Barra.

Na contramão da Niterói Rally, Hebert Sampaio começou no automobilismo por brincadeira junto com os amigos de trabalho que resolveram fazer um campeonato interno na empresa de kart indoor. Ao tomar gosto pelo esporte, o piloto começou a gastar seu tempo e dinheiro com o hobby e, entre alguns títulos, como uma etapa do Mundial em 2009, disputado no Rio, se arriscou no kartismo profissional. Mas, após disputar e vencer a primeira etapa do Brasileiro de Kart, o agora piloto esbarra na falta de patrocínio. Ele fez um apelo para angariar parceiros que cubram os cerca de R$ 2 mil por etapa.

“Precisamos que os empresários acreditem mais no retorno que o esporte dá, e investir. Claro que nem todos os pilotos conseguem patrocínio, muitos são sustentados pelos sonhos dos pais, mas outra maneira de atrair jovens pilotos é baratear o custo das competições criando limitações nos equipamentos”, comentou Sampaio.

Piloto niteroiense conta com os amigos

Outro niteroiense que investe no próprio sonho de velocidade é Fernando Sávio, da Fernandinho Hobby Racing Car, que terminou na segunda colocação do Carioca de Turismo Light. O piloto comentou que consegue patrocínios com amigos e tira de sua própria loja e este ano aposta em uma competição internacional, na Hungria.

Em agosto vou participar de uma prova de seis horas na Hungria e, eu e meus dois parceiros de prova, vamos gastar cerca de 2 mil euros com todos os gastos, já que precisaremos alugar uma BMW”, disse.

Fernandinho, que no Carioca corre com um Gol, gasta cerca de R$ 4 mil por mês, além do carro que custou R$ 15 mil já preparado para corrida. Ousados, em 1975 os irmãos Wilson e Emerson Fittipaldi criaram a Copersucar, única equipe brasileira de Fórmula 1. Em oito anos, 104 corridas, 44 pontos, três pódios e um segundo lugar de Emerson no Rio, em 1978. Por falta de incentivo, eles encerraram com a equipe em 1982. n