segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

250 Milhas do Rio de Janeiro - Kartódromo Internacional de Volta Redonda - 18/12/2010

Na traaave!!! Está foi a frase que Eu e Barberini não queríamos mais ouvir, falar ou pensar. Duas coisas foram constantes no ano de 2010. Todos os organizadores escreveram o nome de nossa equipe errado e tudo que disputávamos, chegávamos em segundo.

Eu penso no kart, Eu sou o kart, Eu penso em kart e vários outros nomes absurdos. Será que é difícil escrever: EU PENSO KART? Bem, nomes a parte, o que se via era o quase na pista.

Adoramos correr endurances, Daniel tem a mesma opinião que a minha. Nos endurances vc elimina muito do fator sorte, pelo fato de ter que andar em vários karts diferentes e também pelo ponto de vista da estratégia.

Nossa saga começou no primeiro endurance de 4t de Volta Redonda. Após 2 horas de corrida e sem troca de kart, segundo lugar à poucos segundos da equipe vencedora.

Fomos para a Granja Viana! Disputamos o campeonato regular de endurances. 5 horas cada corrida. Estes acompanhado do quase papai Rafael Henning. Figura tranquila, gente fina e excelente piloto, Henning sempre nos deu apoio, além de nos brindar com aulas na pista. Uma primeira etapa para aprender o que realmente é um endurance. Trocas, estratégias e ser constante na pista. Já na segunda etapa, mais um vice-lugar. Na terceira com chances apenas matemáticas, poupamos dinheiro e não participamos.

Ainda na Granja e com a experiência do campeonato de endurances fomos para as 500 milhas. Montamos duas equipes e dividimos em 7 pilotos. Eram eles: André Addison, Felipe Piatigorsky, Guilherme Rocha (GUIGA), Humberto Rubin, ele… Rafael Henning. Além é claro Eu, Hebert Sampaio e o Arqui, Daniel Barberini. Mais da metade da corrida e uma quebra inesperada. Perdemos 1minuto e 5seg e chegamos em segundo lugar no final de 12 horas, 53 seg atrás dos líderes. O que era para ser comemorado, virou frustração. Mais um vice campeonato!

Eu e Barberini também corremos campeonatos individuais. Por um acaso corremos em dois juntos. Kart Riders e Kart GP. Adivinhem! Daniel em segundo lugar no geral no Kart Riders e eu segundo lugar no geral do Kart GP.

Pow Henning, vc precisava me lembra de tudo isso? Tá de sacanagem, né?

Mas 2010 ainda não havia terminado. E eis que surge uma competição organizada por: Poul, The King of the Mountain, Filipe Jorge, o Jotinha e ele, o imbatível, o melhor peso pesado do Brasil, o campeão Brasileiro de 2010, Jotalhão, Tiago Amorim.

Esses três caras, por puro amor ao esporte, resolveram fazer uma “festa” de fim de ano para o kart indoor do Rio de Janeiro e criaram as 250 milhas. Estas foram disputadas no kartódromo internacional de Volta Redonda.

Nos mesmos moldes das 5h da Granja Viana, mas com uma hora mais, o evento só podia ser um sucesso. E falou em Endurance, eu e Barberini estávamos lá. Prontos para mais uma competição. Vice nem pensar. Queríamos e precisávamos colocar a síndrome de lado. Antes que ficasse estigmatizado.

Acorda cedo, pé na Estrada, café no alemão. Ritual básico para ir a VR. Galera já na pista quando chegamos. De longe reconheci o capacete de Rodrigo Faulhaber e seus braços esticados ao volante. Jotalhão organizando os pits, pontos de parada para troca de kart e Jotinha distribuindo autógrafos. Figuraça!!!

Um briefing enrolado antecedeu a prova, muitas perguntas toscas nos davam a impressão do amadorismo. É, eu sei que é kart indoor, kart Amador, tudo igual, mas no meio daquela galera ali, não se esperava tantos bate-bates!

Pro warm-up as equipes tinham o kart sorteado e podiam treinar com ele até o fim e já esperar o início da classificação, ou ficar trocando de kart até achar um bom.

Acha um kart bom? Acha! Quem sentou em um, não levantou mais. Dos 25 karts na pista, não aparecíamos nem na TV com os resultados. Esta exibia os 18 melhores tempos. Trocamos de kart várias vezes e não achamos nada de bom. No final, trocamos uma última vez, mas não conseguimos dar uma volta rápida. Seria aquele pro qualifing e seja o que tudo puder!

Fui pra classificação desanimado e já pensávamos em mudar a estratégia, mas para a minha surpresa, consegui fazer um classificação melhor do que imaginava e largo em 11o. Largada Le Mans (um barato a parte), e estão valendo 6h de corrida.

Certamente não vou lembrar de todas as trocas, todas as ultrapassagens, de todos os lances, mas algumas coisas são muito claras. Meu kart era um lixo e não sabia como tinha aparecido em 11o. Ganhei algumas posições na largada, mas aos poucos fui perdendo novamente. Neste primeiro stint, lembro claramente do Paulista, que estava voando, líder naquele momento, se aproximando de mim na reta oposta para me dar uma volta. Saber o que é ser líder é outra história. Abri sem problemas nenhum no final do miolo e o imundo agradeceu (para quem não sabe, imundo é o apelido do Paulista).

Momento tenso. Plaquinha da SKOL, hora de lever o rolimã pro pit. Arqui preparado, entrego placa e sensor para o Couto. Malhado ágil e rápido como um lince entrega tudo pra Barberini. SORTEIA!!!!!!! Liga, liga, liga!!!! Vai, vai, vai!!!!!

E como num passe de mágica, quando todas as equipes terminam a primeira troca saímos de um incomodo 14o lugar para 4o. Excelente! Temos uma corrida de kart!

Barberini está rápido, mas rápido que os da frente e tomando 1seg por volta da outra equipe Eu Penso Kart, que contava com Sabra, Ricardo Mascarenhas, o Filé e José Gabizo, o Risole! Gabizo estava em um foguete de 58s. Apelido dado aos canhas naquele momento na pista. Só ele virava na casa de 58. Absurdo. Uma usina como diria Tubino!

Estamos perto de fazer nossa segunda troca. E mais um momento tenso. Bandeira vermelha.

Para nossa equipe, naquele momento foi muito bom. Apesar de uma volta atrás do líder, estávamos com o segundo e terceiro colocados, imediatamente a nossa frente. Como éramos mais rápidos que todos. Era questão de tempo.

A direção de prova, resolve diminuir para 9 o número de paradas obrigatórias e os tempos de quem estava na pista (um piloto só podia ficar no máximo 40minutos por stint) é zerado. Perguntei a todos os organizadores e ao director de provas várias vezes. Naquele momento toda a estratégia mudava. Deixo Arqui na pista até a gasolina acabar e quando entro, estamos em primeiro lugar.

As trocas vão acontecendo, e nos comunicávamos apenas pelo notepad do meu laptop. Precisávamos e confiávamos um no outro. Só assim iria funcionar. Os sinais para a pista e da pista eram muito poucos. E sempre um acreditando no outro.

O maçarico ligado de top-down, escaldava os miolos dentro do capacete. O sol me lembrava o nordeste em Janeiro, passando mais perto da cabeça, na altura da linha do equador. Mas com aproximadamente metade da corrida, ou seja 3h, o tempo começou a virar, e uma tempestade daquelas de verão se formava no horizonte.

Barberini é um pato na chuva, mas eu não guardo boas recordações do piso molhado. Sinto as primeiras gotas na viseira, mas nada que pudesse estragar a corrida ainda. Arqui entra para mais um stint e nada de chuva. Mais 40 minutos e estou eu na pista novamente. 10 paradas, é parada pra caralho!

Mas dessa eu não escapo e a chuva chega. De mansinho ela anuncia que vai ficar. Ainda somos líderes, temos um caminhão de vantagem naquele momento, mas as equipes que vem em segundo, terceiro e quarto, tem pilotos com histórico de andar muito forte na chuva. Era o estímulo que elas precisavam, para motivar e começar a nos caçar na pista. Ainda faltam 2horas de corrida e a tensão é latente.

Barberini me tira da pista confiando que sera um dos mais rápidos. Deixa anotado no notepad, que eu estava rápido, mas não era constante. Ele vai para pista para simplesmente receber aplausos de quem estava do lado de fora. É um pato? É um tubarão? Não. É o Barberini!! Voando, ou melhor, submergindo!

Além de ser o mais rápido da pista colocava um segundo por volta em todos. E foi na chuva, quando todos acharam que iam ter alguma chance, eu lhes apresento 1 volta de vantagem no segundo colocado. Segura aí, que temos gordura para queimar!

Faltavam duas trocas para fecharmos o Endurance. Tínhamos uma volta de vantagem, mas uma troca a menos. Na teoria, tudo perfeito. Sobrava tempo para essa troca a mais. Mas um bate-bate. Daqueles que citei no início do texto, lá do briefing, lembram? Pois é, no final da reta oposta, após Barberini ultrapassar ele (o imbecil era retardatário) dá um panca na lateral do nosso kart. Barberini entra em desespero. O kart apaga! Motor desligado. Debaixo daquela chuva? Cade fiscal para ligar novamente? Nada. Mas eu estava ligado do lado de fora. Todo arrumado para entrar na pista a qualquer momento. Vejo Barberini correndo em direção ao box. Só deu tempo de pegar o capacete e começar a gritar. Sorteia! Sorteia! Amorim, olha pra mim e fala: -“Sortear o que? Senta nesse daí e vai. É o único!” Arqui me entrega a placa, sensor. Liga o kart e vou para a pista tenso.

Na minha primeira passagem pela reta, é olhar para o nosso QG e fazer sinal para saber se ainda somos os primeiros. Ninguém me responde. Da grade, vejo alguns rostos conhecidos e só vejo sinais de incentivo. As voltas pareciam uma eternidade. Na minha cabeça, sabendo que era rápido, mas não tão rápido quanto Barberini, precisa ficar cerca de 10min na pista e depois bastava mais uma troca para o Arqui entrar e conduzir até a quadriculada.

Mas não foi preciso. Completo mais uma volta. Contorno a Jandira com todo cuidado possível. Olho para a grade como sempre e dou de cara com o diretor de prova agitando a tão sonhada bandeira quadriculada. Como eu sabia que ainda faltava tempo, fiquei mais tenso ainda. Dou mais uma volta “rápida”, não tiro o pé ainda. E se foi um erro da direção de prova? E se meus miolos torraram e eu não vi direito. Sem saber o que estava acontecendo, venho para completar mais uma volta, mas desta vez ao contornar a Jandira, vejo Arqui no meio da pista fazendo sinal para parar, gritando: “ACABOU! É NOSSO! GANHAMOS! NÃO TEM MAIS KART! É CAMPEÃO PORRA!!!!

Tiro o capacete e sem saber como reagir, ainda sentado no kart, dou um abraço no Barbera!!!! Grito algo que não sei escrever, apenas um berro de desabafo. E com o capacete em punho, saio para dar mais uma volta, essa sim de comemoração e pura explosão de alegria. A água e lama na cara. Nada disso importa. Faço o meu carnaval sozinho pela pista. Com apenas uma das mãos, empunhando o capacete com a outra e me divertido com os respingos no meu rosto.

Desço do kart vibrando nos boxes. Faço questão de ir na balança. 4,8 kg acima no peso! Agora é só comemorar. Nada mais tirava o título da gente!!! Logo que saio da balança, vejo Arqui correndo na minha direção. As palavras exatas eu não me lembro, mas não paramos mais de comemorar e elogiar um ao outro. Faziam 5h10min que não nos falávamos! Só queríamos gritar É CAMPEÃO!!!!

Fotos, pódio, trofeús e a lembrança ao Amigo Henning, que desta vez, por quase estar sendo papai, ficou de plantão ao lado da esposa na espera da Clarinha!

Ela que será a mascote da equipe Eu Penso Kart no futuro próximo e o terceiro troféu (eram entregues 3 por cada equipe que foi ao pódio) ficam de presente a vc Henning. Estamos aguardando o seu retorno em breve para corrermos os Endurances novamente.

Um agradecimento especial ao lince malhado, Alexandre Couto. Tu é foda velhinho! A cada troca, sempre lá. Mas para ligar o kart, tem que abrir a gasolina (risos).

Parabéns aos organizadores: Poul, Filipe Jorge e Tiago Amorim. Deram show!

Arqui canta aí:

Ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh VICE É O CARALHO!!!

Até as pistas!

13 comentários:

  1. Tu se superou nessa. Ta certo q como ganhamos a minha opinião é um pouco suspeita..... Hehehe
    Campeão!!!!!

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  2. Parabéns pela vitória.
    Parabéns pelo texto.
    Tu da pra jornalista...

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  3. ahahahhahaha..me senti um boxeador com esse trecho do texto ahahahah

    Mas 2010 ainda não havia terminado. E eis que surge uma competição organizada por: Poul, The King of the Mountain, Filpe Jorge, o Jotinha e ele, o imbatível o melhor peso pesado do Brasil, o campeão Brasileiro de 2010, Jotalhão, Tiago Amorim.

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  4. Que porra é essa Hebert????

    Acorda cedo, pé na Estrada, café no alemão. Ritual básico par air a VR. Galera já na pista quando chegamos. De longe reconheci o capacete de Rodrigo Faulhaber e seus braços esticados na pista. Jotalhão organizando os pits, pontos de parada para troca de kart e Jotinha distribuindo autógrafos. Figuraça!!!

    Ahuehuaeuaeue.

    Pqp.

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  5. Jotinha, vc já foi o Mário do Jogo, hj vc só dá autógrafos! rsrsrs

    Mário e Luigi agora se chamam: Hebert Sampaio e Daniel Barberini.

    hehehhehehhe

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  6. Muito bom o texto Hebert!!! Parabéns para vc e Barbera pela grande vitoria. E que venha o próximo endurance.... esse ano vamos ganhar tudo, no Rio e em São Paulo!

    Grande abraço e valeu pela lembrança.

    abs,
    Henning

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  7. Henning, meu amigo!

    Impossível não lembrar de vc!

    Depois do nascimento da Clarinha, volte o mais rápido possível...

    Seu lugar nesta equipe é cativo!

    Abs

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  8. Mt legal como sempre....

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  9. Fui testemunha dessa história toda. O engraçado é que minha equipe sai na frente e chega atrás e a de voces é o contrário.
    Se misturasse, que resultado daria? Sai na frente e chega em primeiro ? rsss

    Abraços a todos
    Ed Cordeiro

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  10. Vlw Ed!

    Bom, se usar matemática, vamos chegar no meio sempre! rsrsrs

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  11. Para acabar com o problema de vices...antes da corrida vc rasgou sua camisa do Vasco e colocou uma do Mengão por baixo do macacão!!!

    AHuAHuahaUhaUaHuaHAUhauHA

    Parabéns meu amigo!

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